Entrevista à Revista Profissional & Negócios - Alfredo Bottone

Entrevista à Revista Profissional & Negócios

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Entrevista à Revista Profissional & Negócios

Data:  16/03/2012

 Veículo: Revista Profissional & Negócios

Jornalista: Carolina Vilela

 

PAUTA:

Jornalista está elaborando matéria para explicar o idealismo corporativo. A intenção é falar sobre empresas que investem em ações que vão além da sua área de atuação como empresas, por exemplo, que investem em ações de responsabilidade social, que não seria seu papel principal.

Isso tudo com a intenção de buscar uma razão maior para manter o seu funcionário engajado. Seja em relação a uma questão social, ambiental, enfim. Por que é importante investir nisso? Isso é uma estratégia de retenção ou é uma consciência/responsabilidade social? O RH está preparado para ser mensageiro dessa bandeira?

 

ENTREVISTA: 

 

Revista Profissional & Negócios: Engajamento, inspiração e ideal. Os três elementos formam a tríade perfeita para que uma empresa não seja apenas produtiva e rentável, mas também comprometida com uma causa maior — seja social, ambiental ou política. A área de RH das empresas, no geral, estão preparadas para serem mensageiras dessa bandeira?

Alfredo Bottone: Já foi percebido pelos RHs das empresas que ir além das práticas de gestão de pessoas já não é mais um diferencial. O que move as pessoas são seus valores e suas crenças. Não dá para separar os indivíduos desses dois elementos. Uma vez entendida essa premissa, fica claro que é preciso que as pessoas tenham oportunidade de aplicar essas crenças e valores no ambiente corporativo e esse espaço não é dado apenas pelo RH, mas por toda empresa.

As iniciativas vão desde pequenas atitudes, como informar sobre a necessidade de apagar uma lâmpada ao sair do ambiente e separar o lixo para reciclá-lo, até ter práticas que levem a Cultura para a sociedade, como é o caso da CPFL Cultura.

O RH deve fazer essa conexão entre os 3 elementos citados. Para tanto, na própria Universidade Corporativa da CPFL, o tema sustentabilidade é parte integrante da formação dos profissionais.

Revista Profissional & Negócios: A CPFL tem duas instituições, de Sustentabilidade e de Cultura, que trabalham em áreas que não estão diretamente ligadas à atuação direta da empresa. Por que é importante para a empresa investir em atividades como essas?

Alfredo Bottone: A CPFL tem na Diretoria de Comunicação uma área específica que cuida da sustentabilidade. Além disso, temos uma diretoria específica de meio ambiente. A Cultura tem em sua programação muitos eventos onde a sustentabilidade faz parte dessa agenda. A CPFL tem compromisso com o tema e além das áreas citadas, todas as demais estão engajadas nas ações voltadas para o tema. O investimento na sustentabilidade não se traduz apenas em dinheiro, mas em conscientização, em tempo para criar espaço para o desenvolvimento de uma atitude pró-ativa em suas ações.

Revista Profissional & Negócios: Investir em questões como essas é uma estratégia de retenção? Se não é, de qualquer forma a existência dessas atividades e de outras ações do Itaú nesse sentido, acabam sendo fatores que ajudam na retenção dos funcionários?

Alfredo Bottone: A retenção do profissional ocorre de maneira indireta. É estratégia de RH promover ações para manter o clima saudável e tudo isso fica mais fácil se, nesse ambiente, os funcionários se identificam com os valores da organização. Já é sabido que o fator primordial para retenção são as expectativas e aspirações do funcionário; por isso, manter um clima saudável e ações diversificadas pode ser mais efetivo.

A diversificação de ações, sejam elas as apontadas nesta reportagem ou não, serão sempre uma boa estratégia.

Acreditamos que os jovens de hoje têm maior sensibilidade para a questão da sustentabilidade. Em consequência, as empresas que demonstrem maior foco nesse tema conseguem melhor atraí-los e retê-los.
Revista Profissional & Negócios: O comprometimento da empresa com causas que vão além da atuação dela no mercado traz mudanças no clima organizacional? O que o investimento na área de Sustentabilidade e na CPFL Cultura mudou nas relações interpessoais dentro da empresa?

Alfredo Bottone: Ter orgulho de trabalhar numa empresa que se preocupa com sustentabilidade e cultura é fator crítico e direto em clima organizacional.

Saber que a empresa tem essa preocupação e promove ações como essas acaba por despertar, dentro de cada funcionário, a consciência de que ele também é parte do mecanismo de mudança de atitude frente à sociedade.

Isso traz maior integração entre os funcionários porque se sentem acolhidos e comprometidos com um mesmo objetivo.
Revista Profissional & Negócios: Você acredita que uma empresa que tenha um ideal, que vá além dos lucros dela com a sua atividade direta, e se preocupa com causas sociais, ambientais ou mesmo políticas, é uma tendência? Quais as vantagens?

Alfredo Bottone: Não se trata apenas de uma tendência, mas de uma condição de ter o respeito dos clientes que, felizmente, são cada vez mais exigentes. A empresa não é um ente fechado, vive numa comunidade e, notadamente, no nosso caso, com uma interação muito forte, onde influenciamos e somos influenciados. Essa troca traz um equilíbrio entre as partes e a questões sociais, ambientais e políticas fazem parte de uma agenda comum nessa interação. O ganho é bilateral.
Revista Profissional & Negócios: Quais os cuidados para não cair em armadilhas? Por exemplo, soar um marketing apenas, e não uma preocupação verdadeira da organização com essas questões?

Alfredo Bottone: Atitudes e ações concretas são o que valem. Boas teorias e marketing nada contribuem e acabam gerando descrédito e desconfiança não só em relação a essas questões, como em relação a tudo que a empresa faz. Por isso, o melhor marketing é a realização.

Revista Profissional & Negócios: Qual o papel do RH para o sucesso desse ideal corporativo?

Alfredo Bottone: O principal papel de RH neste contexto é capacitar as lideranças da empresa para que saibam lidar com esses elementos, atuar positivamente em clima e propor ações que gerem valor, engajamento e auto realização.
Revista Profissional & Negócios: De que forma a área de RH está inteirada com as ações da área de Sustentabilidade e da CPFL Cultura? Os colaboradores se envolvem nesses trabalhos? Eles são sensibilizados, comunicados e participam das ações dessas áreas?

Alfredo Bottone: As campanhas são intensas e abrangentes. Na CPFL essa questão está presente na competência de cada trabalhador. Hoje, por exemplo, temos como primeiro atributo de liderança do gestor: orientado para resultado sustentável. Na CPFL Cultura, muitos temas relacionados ao desenvolvimento das lideranças estão relacionados à sustentabilidade.

Revista Profissional & Negócios: Você acredita que esse ideal corporativo ajuda no interesse das novas gerações por quererem trabalhar nas organizações que investem nisso?

Alfredo Bottone: É bastante percebido que as novas gerações têm esse olhar diferenciado para essas  questões, tanto no que se refere à responsabilidade social quanto às questões relacionadas ao meio ambiente e cultura. Com certeza essas gerações são atraídas pelas organizações que compartilham desses mesmos valores.